segunda-feira, abril 25, 2005

Diz-me o que lês...

O desafio veio de dois blogs… do Arsélio e da Celine. Assim, respondo a ambos e deixo em aberto o convite a quem lhe quiser pegar. Confesso que já li muito mais do que aquilo que ando a ler recentemente. Velhice? Falta de organização do meu tempo? Certamente os dois.

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Espero que essa ameaça nunca surja no mundo civilizado, muito embora, ao longo dos tempos, muitos “actos de fé” com livros tenham sido a alegria de alguns ditadores. Os “ismos” embirram sempre com as obras literárias e com o pensamento.
A minha memória não daria para decorar um livro inteiro… teria que confiar noutras tecnologias fáceis de esconder, ou atirar-me para o meio da fogueira para salvar alguns livros.


Já alguma vez ficaste apanhadinho(a) por uma personagem de ficção?
Na minha infância, o meu companheiro constante foi o Charlie Brown. Não sei se me identifiquei com ele, mas sempre o assumi como um tipo interessante.
Hoje, quando leio, há sempre alguém no livro que me atrai, ou então desisto do livro.

Qual foi o último livro que compraste?
”Cadernos de Temuco” de Pablo Neruda
“Portugal, hoje: o medo de existir”, José Gil
“Anjos e demónios”, Dan Brown
“A misteriosa chama da rainha Loana”, Umberto Eco


Qual o último livro que leste?

Li o “Viver para contá-la” de Gabo.

Que livros estás a ler?
Ando a ler, compulsivamente, a “Lenda de Martim Regos”, de Pedro Canais (uma ficção portuguesa na senda de “Baudolino” de Umberto Eco)
Iniciei a leitura de “Memória das minhas putas tristes”, de Gabo.

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
1) “Canto Geral”, Pablo Neruda
2) “D.Quixote de la Mancha”, Cervantes
3) “Livro do desassosego”, Bernardo Soares
4) “Odisseia”, Homero (trad. Frederico Lourenço)
5) “Cem anos de solidão”, Gabriel Garcia Marques

sábado, abril 16, 2005


Ciconia Ciconia

Classe: Aves
Ordem: Ciconiformes
Nome Científico: Ciconia Ciconia
Nome comum: Cegonha Branca


Alimentação
A alimentação da Cegonha branca é muito variado. Baseia-se especialmente em pequenos animais que são capturados vivos. Inclui insectos, vermes e pequenos vertebrados ( mamíferos, peixes, repteis e anfíbios ). Para além disso, as Cegonhas recorrem também com alguma frequência a desperdícios gerados pelo Homem e que são obtidos em lixeiras. O alimento é procurado em terrenos abertos ou em zonas de água pouco profunda, caminhando ou correndo com o bico apontado para o chão. As cegonhas brancas associam-se também com frequência a máquinas agrícolas, capturando os pequenos animais que estas afugentam. Localização dos ninhos : As Cegonhas brancas podem instalar os seus ninhos em árvores, falésias e num vasto leque de estruturas artificiais ( telhados, chaminés, postes de electricidade ). Podem criar isoladamente ou formar colónias, por vezes em associação com outras espécies de aves nomeadamente garças.

Reprodução
A época de reprodução estende-se de meados de Março a princípios de Abril.
As paradas nupciais são bastante elaboradas. O comportamento mais característico consiste em bater ruidosamente com o bico inclinando a cabeça para trás.
Esta acção é efectuada pelos dois sexos e ocorre quando as aves estão pousadas no ninho. Estes são defendidos de forma bastante aguerrida contra potenciais rivais.
O ninho é uma estrutura bastante grande composta por ramos entrelaçados e é utilizado em anos sucessivos. Na sua construção participam ambos os membros do casal. O trabalho é começado pelo primeiro a regressar na primavera, normalmente o macho, podendo ficar pronto em apenas 8 dias.
As cegonhas brancas fazem só uma postura anual, composta normalmente por 3 a 5 ovos, raramente de 1 a 7. O período de incubação dura de 29-30 dias. As crias são protegidas e alimentadas pelos pais, encontrando-se a voar ao fim de 2 meses.
A Cegonha branca em Portugal : É sobretudo uma espécie de ocorrência estival no nosso País, passando o Inverno no continente Africano. Apesar disso, muitas delas podem permanecer entre nós ao longo de todo o ano, especialmente no sul. As aves estivais começam a regressar de África em finais de Novembro e começam a partir em meados de Julho. As Cegonhas brancas podem considerar-se relativamente comuns em Portugal. No entanto, nem sempre foi assim. Até meados dos anos 80 a espécie passou por um período durante o qual a sua população diminuiu bastante. Actualmente pode dizer-se que estamos a assistir a uma fase de recuperação. Em 1994, a população Portuguesa foi estimada em 3302 casais a maior parte dos quais localizados na metade Sul do País.
Como já foi referido, um número aparentemente crescente de indivíduos passa o Inverno em Portugal. Para além das aves locais, a população invernante inclui também aves procedentes do resto da Europa. De acordo com informação obtida em 1997, a população invernante é composta por cerca de 1700 aves que se distribuem sobretudo pelos distritos de Faro e de Setúbal.

Estatuto de conservação e factores de ameaça
No nosso País a Cegonha branca é tradicionalmente respeitada e acarinhada pelas populações. Apesar disso, ocasionalmente ainda se verificam alguns casos de aves abatidas. A principal causa de mortalidade em Portugal deverá ser no entanto a electrocução em linhas de média e alta tensão. A contaminação com pesticidas, especialmente em zonas de arrozal, e o derrube de ninhos poderão constituir ameaças potenciais.

O que fazer para ajudar a Cegonha branca ?
Ajudar a Cegonha branca é uma tarefa que está ao alcance de todos nós. Vejamos algumas das coisas que podem ser feitas nesse sentido:
A sensibilização das pessoas que estão à nossa volta para a importância de conservar as cegonhas é um acto relativamente simples e que pode ser feito no dia a dia.
Por vezes pode ser preciso derrubar ninhos para construir estradas ou por qualquer outro motivo. Sempre que esse problema se colocar, deverá ser solicitada uma autorização ao Instituto de Conservação da Natureza. Este, mediante o parecer dos seus técnicos especializados, decidirá se tal é possível e, em caso afirmativo, qual a melhor altura para o fazer e quais as contrapartidas necessárias para não prejudicar a espécie.
Convém recordar que o derrube não autorizado dos ninhos de cegonha é um crime.
Em alguns locais, a instalação de estruturas artificiais que facilitem a instalação dos ninhos pode ser um óptimo incentivo para a fixação das cegonhas.

sexta-feira, abril 08, 2005

A Liturgia do Sócrates

No próximo ano lectivo as escolas vão mudar profundamente, segundo o nosso primeiro ministro.
Os meninos do 1º Ciclo do Ensino Básico terão iniciação à língua inglesa. No princípio seriam todos, mas recuou-se e passarão a ser apenas cerca de 1000 escolas. Não sabemos quais.
Os alunos não mais terão tempos lectivos sem a presença de um docente. Não se sabe como será, já que a afirmação pública garantiu a racionalização dos recursos já existentes.
Tudo isto relembra-me bastante o estilo público de Durão Barroso: primeiro falava para os jornais, os assessores analisavam as sondagens e depois, talvez, se legislaria alguma coisa.
Estaremos a voltar a esta liturgia populista gasta e estafada?
Há quantos anos andam as escolas a oferecer iniciação à língua inglesa, iniciação musical, educação física? Há quantos anos andam os gestores das escolas a estudar a forma de ocupar os alunos durante as ausências de professores? Há quanto tempo existem clubes e ofertas de enriquecimento curricular em quase todas as escolas do país, mesmo aquelas que o populismo não visita com as câmaras atrás?
O esquecimento dá sempre jeito nestes momentos.

As escolas são sempre arredadas das decisões fulcrais. Aposta-se muito nos rankings jornalísticos e abandona-se o controlo da qualidade do ensino. Prometem-se panaceias como exames e logo se recua porque isso pode ter maus resultados em ano de eleições.
Os professores serão obrigados ao cumprimento das suas 35 horas semanais. Isso será um facto consumado, e duvido de que alguém até se importe muito com isso. Mesmo sem condições, longe da família, com as prestações do carro e do computador a honrar, os professores cumprirão o seu dever. Mesmo com a opinião pública a morder-lhes as canelas, mesmo com alguns pais a cuspir-lhes na cara – para bom exemplo dos filhos -, os professores cumprirão o seu dever. Se há maus profissionais na educação? E haverá alguma profissão sem maus exemplares? Só que essas profissões são mais respeitadas que a dos professores.

Há tempos atrás o respeitado António Barreto lançou alguns anátemas sobre a educação em Portugal. Se houve muito investimento na educação, acredite, senhor ex-deputado e ex-ministro, que esse investimento deve ter ficado em grande parte pelas mãos de muita gente, pois não chegou às escolas. As escolas continuaram a sobreviver com orçamentos mínimos, a gerar receitas próprias para fazer face a algumas melhorias. Os recursos humanos, em qualquer organização, absorvem a maior parte das verbas. Nada de novo aí. Mas não entraram mais professores para o sistema. Os actuais não foram alvo de reciclagens sistemáticas. Os vencimentos foram congelados. As escolas continuaram com dificuldades. Inventaram-se agrupamentos verticais sem que ninguém perguntasse como se iriam resolver os problemas do funcionamento dos Jardins e das escolas do 1º Ciclo. Em alguns concelhos as autarquias assumiram o dever de cuidar desse problema. Na maioria dos concelhos, as escolas “primárias” passaram de mal a pior. Os órgãos de gestão foram obrigados a resolver novos e maiores problemas com o mesmo orçamento anterior. As escolas com necessidade de intervenções de conservação continuaram com essas necessidades.
O investimento nas TIC resumiu-se a enviar uns computadores relativamente novos para as escolas e a exigir que as escolas fizessem salas novas com 3 tostões. Isto não é investimento. É despesa.
Esperemos que esta nova liturgia possa dar lugar ao bom senso e ao sério estudo dos problemas, com as pessoas que vivem e sofrem esses problemas. De outro modo continuaremos na senda do populismo dos telejornais das 20 horas.