Terminada que está a celebração do Carnaval no nosso Agrupamento, importa deixar expressas algumas ideias do que foram estas semanas de trabalho, sofrimento, alegria e diversão. Para quem está neste Agrupamento pela primeira vez ou que, também pela primeira vez e apesar de estar na escolas há alguns anos, assistiu ao Desfile do Carnaval Infantil da Murtosa, terá ficado com uma ideia mais clara do que escrevi há uns meses atrás.
O empenho e envolvimento da comunidade escolar, de toda a comunidade escolar de um modo geral, ultrapassam tudo o que se possa pensar que seja a preparação de um evento escolar. Mais que tecidos, espumas, tintas e colas, o Carnaval da Murtosa são as pessoas que se unem para marcar os mais novos e imprimir dinâmicas comunitárias que perdurarão no futuro.
Para mim, significa ter a certeza de que a Cultura da Escola também se funda no esforço colectivo para realizar actos significativos para os seus alunos. Mas muito mais que isso, mostra que os Professores e Funcionários sabem que quando é mesmo preciso, não há limites para o esforço, dedicação e orgulho naquilo que se faz.
Como professor responsável por um conjunto de escolas, só posso dizer que me sinto muito pequenino perante a grandiosidade do que foi feito pelos meus colegas de profissão e pelas funcionárias das escolas onde trabalho. Dizer “Parabéns” é muito pouco para quem andou todas estas semanas em trabalho de dedicação e de paixão para que os seus alunos brilhassem no desfile. Isto é Comunidade e não há lei alguma que a possa incutir em nós. Nenhum normativo pode dar orgulho a quem não o sente nem dignidade a quem não a quer.
Orgulho, Dignidade, Cidadania constroem-se dia a dia, em pequenos actos de partilha e de respeito por tudo o que se sente e se tem na vida. E a Escola é a nossa vida. Os alunos são a razão de estarmos neste Agrupamento de Escolas e de fazer o que fazemos em cada dia, em cada momento, desde o ralhar, o agradecer, o promover, o corrigir, o orientar, o manter e o recriar. Cada um de nós, em cada um dos papéis e dos estatutos que assume na sua profissão.
Mesmo quando nem tudo corre como nós gostaríamos que corresse. Mesmo quando a nossa opinião pessoal fica mais esquecida em favor da maioria ou em favor do bem do Agrupamento. Sei que o adiamento para o dia 8 de março foi um contratempo para algumas pessoas, mas foi assumido como algo importante para que as crianças pudessem desfilar com boas condições de tempo e, mais uma vez, depois das ondas de irritação e de palavras menos pensadas, o que ficou foi a compreensão e a capacidade de trabalho de todos.
A moderna ideia de Autonomia que circula nos documentos oficiais esquece esta realidade, bem como esquece que a autonomia passa pelo trabalho livre e assumido de cada um dos profissionais que gastam as suas vidas nas escolas. A autonomia alicerça-se na capacidade que cada um tem de perceber o que é preciso fazer em cada momento, independentemente de regulamentos, leis ou normativos. A autonomia passa pelo saber estar na profissão e saber “ler o momento” e saber liderar quem lhe está confiado, para que todos se sintam incluídos e implicados. E isto aplica-se a cada um de nós. A todos nós.
Assim, com grande humildade, honestidade e gratidão, tenho que vos dizer que sois os melhores líderes, professores e funcionários do mundo, pois sabeis estar na profissão que escolhestes e sabeis dar testemunho de vida.
Obrigado, para sempre!