Os sindicatos, numa excitação de poder, decretaram greve geral de professores, dizendo que coincidia com os exames nacionais.
A ministra da educação, numa excitação de poder, decreta mobilização geral dos docentes, suspende actividades lectivas nas escolas, ameaça soltar a inspecção em cima de todos os desobedientes, afirmando defender os alunos e as famílias.
Para acalmar o pó, o director regional de educação do centro manda comunicados atrás de comunicados reiterando as ameaças da ministra e corrigindo os diversos comunicados que a ministra ia corrigindo ao longo dos dias.
As escolas ficam espantadas com tanto “serviço” em tão pouco tempo e, num encolher de ombros habitual, prosseguem a sua vida normal.
Os exames realizaram-se à hora normal com os professores normais.
As famílias, que a ministra queria proteger, vêem-se a braços com os filhos não examinandos em casa todo o dia.
Para acalmar o pó, o director regional de educação do centro, pelas 22:00 do dia 20 de Junho de 2005 manda outro comunicado a informar que as escolas que possam funcionar bem nesse dia, deverão (deveriam???) funcionar em pleno sem paragem das actividades lectivas.
Bem, se há gente que criticou e critica o PREC de 74/75, devo dizer que este dinâmico conjunto de acções “acção/reacção” ultrapassa em anos-luz o dinamismo do tal PREC.
Assim, senhores gestores da educação nacional e regional, não nos vamos entender. Se querem ajudar as escolas, deixem-nas funcionar normalmente, pois os professores, apesar da vossa impressão, são pessoas normais e responsáveis e raramente agem a pedido dos sindicatos. Estas acções/reacções só provam que Vs.Exªs. nunca estiveram a trabalhar numa escola do ensino básico ou secundário da rede pública e, como tal, nem imaginam como funcionam e quais os seus dinamismos e culturas.
Querem um conselho?
Deixai os gabinetes e vinde às escolas, sem a TV e os jornais e sem os assessores que vos escondem as verdades. Melhor: concorrei para tentar dar aulas numa escola e para conhecer a realidade que quereis governar. Certamente governaríeis melhor ou, pelo menos, demitir-vos-íeis mais cedo.
terça-feira, junho 21, 2005
sábado, junho 18, 2005
segunda-feira, junho 13, 2005
1923-2005 - Eugénio de Andrade
Adeus
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de Andrade
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de Andrade
sábado, junho 11, 2005
domingo, junho 05, 2005
Divulgação
No âmbito do Projecto Aveiro Digital, a Santa Casa da Misericórdia da Murtosa candidatou-se a dois projectos inovadores.
Um, o P@Z (http://paz.misericordiamurtosa.pt) está em velocidade de cruzeiro e já vai permitindo consultas a algum dos materiais que constam da base de dados.
Outro, o SAD-SOS (http://sad.misericordiamurtosa.pt) está a dar os seus primeiros passos, mas já conta com 4 importantes recursos humanos que lhe darão corpo e consistência.
Optámos por recrutar jovens licenciadas, já que o trabalho que se pretende conseguir é dar apoio a distância a pessoas idosas que se encontram isoladas em suas casas e que, num primeiro momento, precisam de dar conta dos seus medos e receios. Esta equipa não se esgota neste trabalho. Assim, criámos um Blog para ir dando conta destas actividades e permitir que os familiares que estejam ausentes da Murtosa possam acompanhar o nosso trabalho. Podem consultar o blog em http://sad-sos.blogspot.com
A página da Santa Casa (http://www.misericordiamurtosa.pt) está em preparação para ser apresentada em breve.
Um, o P@Z (http://paz.misericordiamurtosa.pt) está em velocidade de cruzeiro e já vai permitindo consultas a algum dos materiais que constam da base de dados.
Outro, o SAD-SOS (http://sad.misericordiamurtosa.pt) está a dar os seus primeiros passos, mas já conta com 4 importantes recursos humanos que lhe darão corpo e consistência.
Optámos por recrutar jovens licenciadas, já que o trabalho que se pretende conseguir é dar apoio a distância a pessoas idosas que se encontram isoladas em suas casas e que, num primeiro momento, precisam de dar conta dos seus medos e receios. Esta equipa não se esgota neste trabalho. Assim, criámos um Blog para ir dando conta destas actividades e permitir que os familiares que estejam ausentes da Murtosa possam acompanhar o nosso trabalho. Podem consultar o blog em http://sad-sos.blogspot.com
A página da Santa Casa (http://www.misericordiamurtosa.pt) está em preparação para ser apresentada em breve.
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