terça-feira, junho 21, 2005

Excitações de poder

Os sindicatos, numa excitação de poder, decretaram greve geral de professores, dizendo que coincidia com os exames nacionais.
A ministra da educação, numa excitação de poder, decreta mobilização geral dos docentes, suspende actividades lectivas nas escolas, ameaça soltar a inspecção em cima de todos os desobedientes, afirmando defender os alunos e as famílias.
Para acalmar o pó, o director regional de educação do centro manda comunicados atrás de comunicados reiterando as ameaças da ministra e corrigindo os diversos comunicados que a ministra ia corrigindo ao longo dos dias.

As escolas ficam espantadas com tanto “serviço” em tão pouco tempo e, num encolher de ombros habitual, prosseguem a sua vida normal.
Os exames realizaram-se à hora normal com os professores normais.
As famílias, que a ministra queria proteger, vêem-se a braços com os filhos não examinandos em casa todo o dia.

Para acalmar o pó, o director regional de educação do centro, pelas 22:00 do dia 20 de Junho de 2005 manda outro comunicado a informar que as escolas que possam funcionar bem nesse dia, deverão (deveriam???) funcionar em pleno sem paragem das actividades lectivas.

Bem, se há gente que criticou e critica o PREC de 74/75, devo dizer que este dinâmico conjunto de acções “acção/reacção” ultrapassa em anos-luz o dinamismo do tal PREC.

Assim, senhores gestores da educação nacional e regional, não nos vamos entender. Se querem ajudar as escolas, deixem-nas funcionar normalmente, pois os professores, apesar da vossa impressão, são pessoas normais e responsáveis e raramente agem a pedido dos sindicatos. Estas acções/reacções só provam que Vs.Exªs. nunca estiveram a trabalhar numa escola do ensino básico ou secundário da rede pública e, como tal, nem imaginam como funcionam e quais os seus dinamismos e culturas.

Querem um conselho?
Deixai os gabinetes e vinde às escolas, sem a TV e os jornais e sem os assessores que vos escondem as verdades. Melhor: concorrei para tentar dar aulas numa escola e para conhecer a realidade que quereis governar. Certamente governaríeis melhor ou, pelo menos, demitir-vos-íeis mais cedo.