quarta-feira, julho 30, 2003

RMG's e JPP's

Anda o nosso Pacheco a teorizar contra o RMG, denunciando-lhe os defeitos e mostrando conhecer a fundo a problemática da necessidade "legal" em Portugal. Fiquei preocupado com os textos dele. Conheço alguns casos gritantes de pobreza envergonhada que, mesmo com RMG, não conseguem libertar-se.
O RMG, tendo nascido com boas intenções e com bons exemplos de outros países com problemas semelhantes, viveu dias de aflição, tal como a noção de Jovem Agricultor ou a de Jovem Empresário de Elevado Potencial que tanto deram que falar e ganhar.
Não consigo evitar um sorriso triste ao ler textos de quem tem a barriga bem cheia e apertada em fatos de bom corte. É fácil. Conveniente, até. Em vez de criar programas para serem geridos por burocratas, seria preferível colocar técnicos no terreno, lançar mão das IPSS's, recolher informações junto das autarquias e depois aplicar RMG em situações verdadeiramente justificadas por Vox Populi e não por declarações de IRS ou de atestados da Segurança Social...
Mas isso será um dia, quando os pobres voltarem a andar de porta em porta a rezar por uma esmola como nos idos da ditadura em que não havia pobres.
A história é cíclica e repete-se. Lamentavelmente.

domingo, julho 27, 2003

Entre Maias e Moliço

Herdámos do mar salgado
A revolta e a coragem.
Nosso destino é um fado
O mund' inteiro a bagagem.

Sob a aurora boreal,
De nós próprios timoneiros
S.Telmo, em fogo irreal,
Nos lugres bacalhoeiros.

Connosco partiu o chão
Numa canastra a saudade.
Fomos em busca de pão
Fatiado em liberdade.

Achámos fartura e míngua
Provámos vinagre e mel,
Traduzindo a nossa língua
Nas milhentas de Babel.

É a Ria e o arado
Quem nos sustenta o feitiço
Murtoseiro, foi criado
Entre Maias e Moliço.

cit. inédito --> Maria da Ascensão Rodrigues

A Murtosa... sempre a Murtosa

Olhai e vede a casa onde vos encontrais.
Por aqui passaram tantas e tantas pessoas como nós.
Estas paredes ainda lembram os aplausos, os risos e as lágrimas dessas pessoas.
Sempre a Murtosa.

Ouvi em silêncio respeitoso e
ainda escutareis as palavras de tantas pessoas que pisaram este palco.
Palavras de ordem.
Palavras de esperança.
Palavras de desânimo.
Palavras solenes.
Palavras atrapalhadas...
Mas... sempre a Murtosa nessas palavras.

Fechai os olhos e recuai no tempo.
Senti o perfume da vossa infância.
Revejam o que de melhor a Murtosa vos deu.
Sempre a Murtosa na vossa vida.

O tempo muda as pessoas.
Envelhecem as paredes.
As cadeiras ganham ferrugem.
As memórias ocupam o lugar das pessoas.
A Ria perdeu a glória do passado.
Os seus escravos partiram em busca de melhor vida.
Mas a Murtosa ficou aqui. Sempre.

Os barcos moliceiros partiram tristes
com os seus arrais de boné puxado sobre os olhos marejados de lágrimas.
De vara encostada ao peito,
os pés a correr pelos bordos do barco, da proa à ré,
partiram e não voltaram.
Deixaram o cais sem olhar para trás.
Mas a Murtosa ficou aqui.
Sempre à espera do regresso.

Vejam!
Ouçam!
Sintam!

É esta a Murtosa que vos mostramos.
Aquela que espera pelos filhos que partiram.
Aquela que rejubila com a lembrança do passado.
Aquela que abre os braços aos jovens que vê surgir.
Aquela que em cada dia renasce mais forte.
Sempre a Murtosa.
Sempre a NOSSA Murtosa!


sábado, julho 26, 2003

Weekend Eyes

Sometimes it's through someone else's eyes that we see our own possibilities, but it's only through our own that we can realise them.

quarta-feira, julho 23, 2003

Gatos com garra

Achei imensa piada ao Gato Fedorento... força pessoal! Mostrem que por cá também há garra nas teclas... mesmo que arranhem os caracteres todos.

MINISTRO GAMEBOY

Andei a espreitar os blogues dos outros, como qualquer português que se preze... e fiquei espantado com tanto texto que por cá anda.
Espantado, porque todos os dias nos dizem que já ninguém escreve e que quando o faz é da pior e mais errática maneira e que não há quem leia... mas os contadores das páginas vão acumulando números.
Disse o nosso ministro “justinho” da educação nacional que os jovens só usam os telemóveis e os game-boys... só se forem apenas os filhos dele – a bem da nação -, e os filhos dos amigos dele... claro que os putos usam esses meios, já que são os mais fáceis e mais baratos de meter no bolso. Não estou a ver um puto do 10º ano a sacar do portátil no recreio para ver o email durante o intervalo das aulas... ou será que o homem acha isso normal?
Sei lá...
Seja como for, fiquei positivamente espantado com tanto texto pela Internet. E, a maior parte dele, com qualidade.
Vivam os blogues!

segunda-feira, julho 21, 2003

Um texto sem interesse pode transformar-se em algo mais misterioso, ou nem por isso, ou por isso mesmo e absolutamente.
Acabei de ler "Uma cana de pesca para o meu avô". Gostei, mas achei que a beleza do texto está muito escondida no ritmo e sons da língua original. Do madarim para a lusa língua, a sonoridade musical do primeiro perde-se nas entrelinhas da tradução.
Ficou a ideia, o tema, o suor do autor. Ter-se-á perdido o perfume do ambiente e as lágrimas do tempo em que foi escrito.
Foi bom.
Alví­ssaras, senhores!
Eis a Murtosa, uma pequena terriola da costa moliceira, presente nos Blogs!
Teremos um lugar para chatear o povo do resto da costa menos moliceira?
Veremos...