"Alvíssaras, senhores! Eis a Murtosa, uma pequena terriola da costa moliceira, presente nos Blogs! Teremos um lugar para 'chatear' o povo do resto da costa menos moliceira?Veremos..."
Faz hoje um ano que iniciei esta mania de confessar inconfessáveis à internet.
Um ano mais tarde e nada de novo... ou pouco menos que isso.
Hoje, ao olhar à volta, fico feliz por encontrar outros amigos e murtoseiros a confiar os seus pensamentos a esta escrita na água que é a internet. Isto é positivo e dá esperança numa nova geração mais interventiva e mais crítica. Ninguém gosta de ser criticado e todos somos muito puros na nossa ignorância, mas fico feliz por ver os mais novos a assumirem o seu lugar na Murtosa. É algo de muito inovador e de único na história. Antigamente os jovens reuniam-se à sombra da Igreja e aí cantavam pela cartilha. Tempos houve que os jovens reuniam-se apenas nos cafés e consumiam o seu tempo sem grande produtividade. Hoje vão-se assumindo como vozes do povo e vão tendo consciência da sua aldeia, mesmo que errem. Mesmo que tenham que corrigir a ortografia e a sintaxe. Mesmo que pisem alguns calos confortáveis. Mesmo que haja quem deles se ria. Parabéns a vocês que insistem em ser. Obrigado aos restantes que nos lêem todos os dias à espera de novidades.
quarta-feira, julho 21, 2004
segunda-feira, julho 19, 2004
Memória
A espuma das ondas desfazia-se no vento em milhões de partículas de água salgada que perfumavam aquele fim de tarde.
Sentia-te perto de mim e tão longe ao mesmo tempo.
A maresia trazia recordações de outras vidas, de outros momentos. As lembranças atropelavam-se em desordenadas catadupas de memórias confusas num tempo já esquecido. Rostos, vozes, olhares... todos em procissão de fantasmas passados e de cada um deles ficava a terna saudade de quem ficou na praia e viu os outros partir para novas aventuras.
Não ficou dor: ficou saudade, ficou o tempo parado à espera de um regresso.
Quando aperto a tua mão na minha, sinto o mundo que construímos em cada dia, em cada momento. Sinto tudo o que fizemos e pressinto o que ainda nos falta realizar.
Sei o que sou porque tu estás comigo em cada dia que passa.
Cada vez mais.
Sentia-te perto de mim e tão longe ao mesmo tempo.
A maresia trazia recordações de outras vidas, de outros momentos. As lembranças atropelavam-se em desordenadas catadupas de memórias confusas num tempo já esquecido. Rostos, vozes, olhares... todos em procissão de fantasmas passados e de cada um deles ficava a terna saudade de quem ficou na praia e viu os outros partir para novas aventuras.
Não ficou dor: ficou saudade, ficou o tempo parado à espera de um regresso.
Quando aperto a tua mão na minha, sinto o mundo que construímos em cada dia, em cada momento. Sinto tudo o que fizemos e pressinto o que ainda nos falta realizar.
Sei o que sou porque tu estás comigo em cada dia que passa.
Cada vez mais.

domingo, julho 18, 2004
quinta-feira, julho 15, 2004
Força, camarada Vasco!
Agora que o Pedro vai para o poder, a minha memória reavivou-se com a recordação de Vasco Gonçalves nos idos do PREC.
Sem sombra de dúvida que a história é cíclica...
"Foge, cão, que te fazem barão!
Para onde, se me fazem visconde?"
Sem sombra de dúvida que a história é cíclica...
"Foge, cão, que te fazem barão!
Para onde, se me fazem visconde?"
sábado, julho 10, 2004
Quem manda?
Certamente será defeito meu, mas no campo da educação já há algum tempo que deixei de achar piada à maior parte das coisas, mormente quando metem direitos e deveres de professores, mas confesso que ainda não parei de achar piada às dores que alguns professores confessam quando se fala em material informático na escola.
Ao longo de alguns anos, fui vítima - e algumas vezes carrasco - do mal que aparece expresso num blog, o Professor, professor.
Diz ele: "Estamos - dizem-nos os nossos governantes - na idade da informação e do conhecimento e das novas tecnologias e o diabo a sete. Eles falam - mais os anteriores que os actuais que estão prestes a ser também eles anteriores - em ligações à rede mundial de computadores, eles falam em internet, eles falam, eles falam... No terreno, que é como quem diz nas escolas (em boa parte delas, pelo menos), a realidade é bem diferente. Os computadores ou são velhos, desactualizados e lentos, ou são modernos e rápidos mas sem manutenção adequada e cheios de problemas. Um exemplo: na sala de professores da minha escola (de passagem) há um computador todo modernaço com um monitor que foi aproveitado de uma velharia qualquer e com um teclado avariado ligado a uma impressora que raramente tem tinteiro (ou papel). Ainda hoje tentei imprimir um documento na dita cuja e tinta nem vê-la. "Imprime em casa", dizem-me. Porquê? Porque hei-de eu gastar folhas e tinta do meu bolso para trabalho da escola?! Já não bastam as despesas que tenho por me encontrar deslocado? A seguir querem o quê? Que compre o giz? E os livros dos meus alunos, já agora? E que ajude a pagar as contas de telefone, electricidade, água e papel higiénico da escola?
Regressando aos computadores. Tudo seria bem mais simples e eficaz se a escola tivesse alguém que se encarregasse - a sério - da manutenção dos seus computadores e sistemas informáticos."
Até aqui, nada de novo. Nos comentários surgem algumas opiniões, vejamos: "já agora: em tua casa quem mantém o teu pc? e porque é que as escolas hão-de ter escravos para desenrascar as nabices de toda a gente que não tem um pingo de vergonha e não quer investir tempo e dinheiro em si próprio, dizendo sempre que isso é da responsabilidade da escola? E quantos são os professores que passam muitos minutos a imprimir parolices e tudo o que lhes passa pelos olhos (e que em casa nem se atrevem...)? Em quantos países "evoluídos" e ricos há pc's para os professores usarem indiscriminadamente? Só mesmo em Portugal é que os professores se queixam de barriga cheia. Em França, Irlanda, Itália, Noruega, não há pc's "livres" para os docentes. Muito menos nas salas de convívio dos docentes... Mal chegam para os alunos... (falo de escolas da rede pública)."
Interessante.
Mas ainda há melhor: "Não percebo a intenção do segundo Anónimo. Comprar um bom livro com sugestão de actividades, imprimir uma série de transparências, fazer um curso podem ser maneiras de investir em nós próprios. Imprimir um teste para tirar cópias, ou comprar canetas para escrever sumários ou tirar apontamentos em reuniões dificilmente entra nessa categoria. O meu salário não inclui despesas de representação. Se há "professores que passam muitos minutos a imprimir parolices e tudo o que lhes passa pelos olhos" a culpa não é minha; quem manda que os chame à atenção. O exemplo estrangeiro serve para quê? Só para indirectamente me indicar o meu verdadeiro lugar? Como que a dizer: estás a fazer-te mais do que és, usa o teu computador, se quiseres; olha que lá fora os professores ainda são mais insignificantes do que em Portugal."
E aqui começa a anedota...
Se a primeira opinião expressa me parece estranha e certamente vinda de alguém com dinheiro a mais e algum ódio a algum professor antigo, a segunda é reveladora de uma mentalidade que vive feliz na sua irresponsabilidade estilo "Morangos com açúcar". Se o primeiro critica o excesso das pessoas que tudo imprimem porque a tinta e o papel não são seus, o segundo vai mais longe e diz que o problema nem é seu... é de quem manda. Boa. Deliciosa.
E quem manda nas escolas? Até ontem, eram os professores... Professores eleitos por professores, que não mandam mas que esperam colaboração de quem os elegeu. E que nos diz a mentalidade que nos mata lentamente? Eu lixo o sistema o mais que posso e quem manda que me mande parar.
É a esta gente que entregamos a educação dos nossos filhos?
Eu sou professor e não me revejo nesta mentalidade.
São estes "professores" que nos atiraram para uma reforma da Lei de Bases que nos apelida de irresponsáveis e que nos oferece quem manda. Virão os gestores e outros profissionais quejandos que nos mandarão. E nessa altura os tais "professores" irão gritar que não estão para ser mandados.
Se o sistema está mal, nunca melhorará enquanto cada professor não assumir a sua responsabilidade e a sua dignidade de mestre, de exemplo, de modelo para os seus alunos.
E esse exemplo não se "manda" nem se decreta.
Vive-se.
Ao longo de alguns anos, fui vítima - e algumas vezes carrasco - do mal que aparece expresso num blog, o Professor, professor.
Diz ele: "Estamos - dizem-nos os nossos governantes - na idade da informação e do conhecimento e das novas tecnologias e o diabo a sete. Eles falam - mais os anteriores que os actuais que estão prestes a ser também eles anteriores - em ligações à rede mundial de computadores, eles falam em internet, eles falam, eles falam... No terreno, que é como quem diz nas escolas (em boa parte delas, pelo menos), a realidade é bem diferente. Os computadores ou são velhos, desactualizados e lentos, ou são modernos e rápidos mas sem manutenção adequada e cheios de problemas. Um exemplo: na sala de professores da minha escola (de passagem) há um computador todo modernaço com um monitor que foi aproveitado de uma velharia qualquer e com um teclado avariado ligado a uma impressora que raramente tem tinteiro (ou papel). Ainda hoje tentei imprimir um documento na dita cuja e tinta nem vê-la. "Imprime em casa", dizem-me. Porquê? Porque hei-de eu gastar folhas e tinta do meu bolso para trabalho da escola?! Já não bastam as despesas que tenho por me encontrar deslocado? A seguir querem o quê? Que compre o giz? E os livros dos meus alunos, já agora? E que ajude a pagar as contas de telefone, electricidade, água e papel higiénico da escola?
Regressando aos computadores. Tudo seria bem mais simples e eficaz se a escola tivesse alguém que se encarregasse - a sério - da manutenção dos seus computadores e sistemas informáticos."
Até aqui, nada de novo. Nos comentários surgem algumas opiniões, vejamos: "já agora: em tua casa quem mantém o teu pc? e porque é que as escolas hão-de ter escravos para desenrascar as nabices de toda a gente que não tem um pingo de vergonha e não quer investir tempo e dinheiro em si próprio, dizendo sempre que isso é da responsabilidade da escola? E quantos são os professores que passam muitos minutos a imprimir parolices e tudo o que lhes passa pelos olhos (e que em casa nem se atrevem...)? Em quantos países "evoluídos" e ricos há pc's para os professores usarem indiscriminadamente? Só mesmo em Portugal é que os professores se queixam de barriga cheia. Em França, Irlanda, Itália, Noruega, não há pc's "livres" para os docentes. Muito menos nas salas de convívio dos docentes... Mal chegam para os alunos... (falo de escolas da rede pública)."
Interessante.
Mas ainda há melhor: "Não percebo a intenção do segundo Anónimo. Comprar um bom livro com sugestão de actividades, imprimir uma série de transparências, fazer um curso podem ser maneiras de investir em nós próprios. Imprimir um teste para tirar cópias, ou comprar canetas para escrever sumários ou tirar apontamentos em reuniões dificilmente entra nessa categoria. O meu salário não inclui despesas de representação. Se há "professores que passam muitos minutos a imprimir parolices e tudo o que lhes passa pelos olhos" a culpa não é minha; quem manda que os chame à atenção. O exemplo estrangeiro serve para quê? Só para indirectamente me indicar o meu verdadeiro lugar? Como que a dizer: estás a fazer-te mais do que és, usa o teu computador, se quiseres; olha que lá fora os professores ainda são mais insignificantes do que em Portugal."
E aqui começa a anedota...
Se a primeira opinião expressa me parece estranha e certamente vinda de alguém com dinheiro a mais e algum ódio a algum professor antigo, a segunda é reveladora de uma mentalidade que vive feliz na sua irresponsabilidade estilo "Morangos com açúcar". Se o primeiro critica o excesso das pessoas que tudo imprimem porque a tinta e o papel não são seus, o segundo vai mais longe e diz que o problema nem é seu... é de quem manda. Boa. Deliciosa.
E quem manda nas escolas? Até ontem, eram os professores... Professores eleitos por professores, que não mandam mas que esperam colaboração de quem os elegeu. E que nos diz a mentalidade que nos mata lentamente? Eu lixo o sistema o mais que posso e quem manda que me mande parar.
É a esta gente que entregamos a educação dos nossos filhos?
Eu sou professor e não me revejo nesta mentalidade.
São estes "professores" que nos atiraram para uma reforma da Lei de Bases que nos apelida de irresponsáveis e que nos oferece quem manda. Virão os gestores e outros profissionais quejandos que nos mandarão. E nessa altura os tais "professores" irão gritar que não estão para ser mandados.
Se o sistema está mal, nunca melhorará enquanto cada professor não assumir a sua responsabilidade e a sua dignidade de mestre, de exemplo, de modelo para os seus alunos.
E esse exemplo não se "manda" nem se decreta.
Vive-se.
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