segunda-feira, julho 19, 2004

Memória

A espuma das ondas desfazia-se no vento em milhões de partículas de água salgada que perfumavam aquele fim de tarde.
Sentia-te perto de mim e tão longe ao mesmo tempo.
A maresia trazia recordações de outras vidas, de outros momentos. As lembranças atropelavam-se em desordenadas catadupas de memórias confusas num tempo já esquecido. Rostos, vozes, olhares... todos em procissão de fantasmas passados e de cada um deles ficava a terna saudade de quem ficou na praia e viu os outros partir para novas aventuras.
Não ficou dor: ficou saudade, ficou o tempo parado à espera de um regresso.
Quando aperto a tua mão na minha, sinto o mundo que construímos em cada dia, em cada momento. Sinto tudo o que fizemos e pressinto o que ainda nos falta realizar.
Sei o que sou porque tu estás comigo em cada dia que passa.
Cada vez mais.