Olhai e vede a casa onde vos encontrais.
Por aqui passaram tantas e tantas pessoas como nós.
Estas paredes ainda lembram os aplausos, os risos e as lágrimas dessas pessoas.
Sempre a Murtosa.
Ouvi em silêncio respeitoso e
ainda escutareis as palavras de tantas pessoas que pisaram este palco.
Palavras de ordem.
Palavras de esperança.
Palavras de desânimo.
Palavras solenes.
Palavras atrapalhadas...
Mas... sempre a Murtosa nessas palavras.
Fechai os olhos e recuai no tempo.
Senti o perfume da vossa infância.
Revejam o que de melhor a Murtosa vos deu.
Sempre a Murtosa na vossa vida.
O tempo muda as pessoas.
Envelhecem as paredes.
As cadeiras ganham ferrugem.
As memórias ocupam o lugar das pessoas.
A Ria perdeu a glória do passado.
Os seus escravos partiram em busca de melhor vida.
Mas a Murtosa ficou aqui. Sempre.
Os barcos moliceiros partiram tristes
com os seus arrais de boné puxado sobre os olhos marejados de lágrimas.
De vara encostada ao peito,
os pés a correr pelos bordos do barco, da proa à ré,
partiram e não voltaram.
Deixaram o cais sem olhar para trás.
Mas a Murtosa ficou aqui.
Sempre à espera do regresso.
Vejam!
Ouçam!
Sintam!
É esta a Murtosa que vos mostramos.
Aquela que espera pelos filhos que partiram.
Aquela que rejubila com a lembrança do passado.
Aquela que abre os braços aos jovens que vê surgir.
Aquela que em cada dia renasce mais forte.
Sempre a Murtosa.
Sempre a NOSSA Murtosa!