Eis-nos a iniciar um novo ciclo na EBI da Torreira!
Mais um ano lectivo que se inicia, com a eterna problemática dos professores que chegam pela primeira vez a esta escola.
Pelo 5º ano lectivo, consecutivo, estamos a reiniciar a instalação da escola… Nada ficou dos projectos do ano anterior. O Projecto Educativo continua a ser criado, já que em cada ano sofre algumas alterações ligeiras, mas nunca se pode dizer que vai ser executado quando se sabe que no ano seguinte não sobra qualquer professor para lhe dar continuidade.
Às tantas, a ideia de Projecto Educativo até nem deve passar disso mesmo: uma ideia… devo ser eu que me preocupo a mais com isso.
A rotatividade do corpo docente até tem os seus aspectos positivos: novos actores, novas ideias, novas abordagens, novos projectos para cumprir. Fica a impotência de não podermos fixar os professores que querem ficar e que deveriam ficar pelo menos um ciclo completo.
Paciência.
Temo terrivelmente a “autarquização” do ensino básico!
A minha escola, sendo uma Escola Básica Integrada, sofre desse mal. O ensino Pré-Escolar e o Primeiro Ciclo do Ensino Básico, com larga fatia de responsabilidade da autarquia nas suas despesas de funcionamento, já teriam sido encerrados se estivessem dependentes desse apoio.
O ano lectivo de 2004/2005 já terminou e está em arquivo morto, e a EBI da Torreira ainda não recebeu um cêntimo para as despesas de funcionamento desses níveis de ensino.
Vale-nos o Orçamento do 2º e 3º ciclos e a imaginação dos professores, pais e alunos para a geração de algumas receitas.
Até a água! Regámos o jardim – que é público – e a autarquia ameaça-nos com o corte de água se não pagarmos a conta do mês passado. Ora toma…
Seria justo encerramos o Pré-Escolar e o 1º CEB até que nos paguem o que nos devem?
O problema é que temos vergonha e não estamos em campanha… Por isso, manteremos tudo a funcionar em pleno. Nem que tenhamos de pedir de porta em porta uma ajuda aos amigos da escola. Se nos cortarem a água, pediremos aos Bombeiros um tanque para dar banho aos alunos que necessitem.
Tudo se há-de resolver.
Pode parecer piada, mas é facto.
As escolas mendigam o que lhes é devido. Sempre assim foi.
Alguns políticos prometem, reúnem-se com quem querem e prometem. Pedem contas e relatórios e prometem. Garantem as promessas e depois afirmam que não há enquadramento legal ou há orientações da AMNP, ou há necessidade de orçamentos rectificativos ou é melhor esperar pelo orçamento seguinte, ou só podem atribuir as verbas em questão por subsídio e isso carece de autorizações de assembleias, ou não há delegação de competência para a assinatura, ou milhentas outras coisas, cuidando que os seus “alvarás” lhes conferem maior importância que aqueles que lhes estendem a mão a pedir ajuda para educar 400 crianças.
As escolas não são apenas edifícios com janelas de alumínio lacado, recentes. São pessoas, são salas para limpar, são alunos para banhar, roupas para lavar, refeições para fornecer, livros para comparticipar, tecnologias para desenvolver, máquinas para manter, electricidade, água e gás para pagar. Coisas simples. Coisas para as quais não se necessita de “alvará” para serem compreendidas.
Coisas da vida de quem vive e tem amor aos que delas vivem.