quinta-feira, setembro 23, 2004

Conselhos de Concelho

Raramente ouço rádio, pois habitualmente estou a trabalhar, sentado como os velhos decrépitos e sem poder ouvir a grafonola, mas tive que fazer uma visita “ad limine” a Coimbra e pude ouvir a TSF durante a viagem.
Estava a decorrer um dos fóruns TSF sobre a educação. Obviamente.
A temática que açambarcou os telefonemas dos ouvintes foi a questão de passarem a ser as autarquias a superintender a colocação dos docentes na sua área de intervenção.
Ou seja: os tão estudados Quadros Concelhios.
Não irei emitir a minha opinião sobre a matéria, mas apenas referir, rapidamente, o que me ficou na ideia depois de ouvir muitos dos ouvintes que telefonaram para a TSF: “Nenhum deles – absolutamente nenhum – acredita que pudesse haver isenção nesse processo... as autarquias apenas colocariam os seus amigos e aqueles professores que não provocassem “ondas”.
Esta é a opinião que muitos portugueses têm das suas Câmaras Municipais.
Independentemente das transferências de competências e de orçamentos para esses exercícios de poder, o facto é que olhamos para os políticos como uma seita estranha e perigosa.
Claro que é apenas uma questão de opinião.
O facto é que os políticos locais (pelo menos os meus) olham para os professores apenas com dois filtros: ou nos vêem como atrasados mentais, ou temem-nos e tentam esmagar-nos. Em qualquer das situações, ignoram-nos. Somos uma cambada de pestes que só levantam problemas e chatices. Inventam os Conselhos Municipais de Educação e depois desatam a pedir fotocópias de ideias a outras autarquias e nem se dão ao trabalho de ouvir quem está sentado com eles nesse conselho (para os aconselhar...)... melhor ainda: entram nessa reunião, convocada pela Câmara Municipal e perguntam: “esta reunião é para quê? A minha secretária está ocupada e não me disse para que era isto. Desculpem.”
Eu não desculpo.
Lamento.