domingo, março 27, 2005

Da Praça

Já muito bits andaram pelos servidores a tratar das obras da Murtosa.
Depois de ler alguns desses posts e de ver as obras na minha terra e de ouvir alguns dos “habitantes” da praça – que não são conselheiros da Câmara Municipal -, chego a algumas conclusões pessoais:
A Praça de Pardelhas ficará mais interessante sob o ponto de vista estético;
A Praça de Pardelhas ficará mais humanizada e com menos viaturas a obstruir os transeuntes;
A Praça de Pardelhas é um kitsch;

Eu explico:
Quem chega a Pardelhas – e nunca a viu antes- conclui que está numa praça moderna e com preocupações de reviver uma estética do passado. Nisso, o Gabinete Técnico da CMM foi feliz. O aspecto geral da arrumação dos passeios, a recuperação dos pisos e dos lancis em pedra granítica, o ordenamento do trânsito, a marcação de estacionamentos, a calçada portuguesa, tudo são marcas de preocupação urbana. Parabéns.

Mas receio que Pardelhas não passe de um kitsch, pois está deslocalizada num todo que é um caos completo. Claro que se tem que começar por algum lado, mas os planos de pormenor da Murtosa têm sido uma amálgama de ideias soltas e sem um plano definido que possa ser seguido ao longo dos anos, de modo a poder ser executado de forma faseada e de acordo com as disponibilidades do orçamento. Cada executivo tem uma ideia interessante e cada um tenta fazer um pouco dessa ideia. Só isso. Fica apenas o kitsch. Não fica um trabalho sistemático e duradouro.

O actual executivo, mercê da sua estabilidade, capacidade técnica, prospectiva e possibilidade de definir planos a longo prazo, poderia conseguir esse desiderato. Espero que ainda o faça. A história os julgará por mais esse erro. Será bem mais significativo que sonhar com eco-museus lacustres.

Os comerciantes gritam que a alteração da Praça acabou com o comércio. Creio que seja uma afirmação inconsequente. Em todas as urbes as zonas pedonais puras são as que mais clientes conseguem atrair. Há vários locais para deixar as viaturas de forma calma e tranquila e poder-se tomar um café, comprar o jornal ou ir ao banco. Somos comodistas por natureza e queremos sempre ter o carrito perto de nós.

Lamento que os Táxis tenham tido uma tão grande preocupação no pensamento dos designers da Praça. É o tal kitsch, ou a preocupação de ceder a pressões saloias. Estragaram o que poderia ter sido uma intervenção genial.
Jamais um táxi teve tanta preponderância numa “aldeia”. Ficaram com um protagonismo que nem na cidade mais cosmopolita conseguem.

Teremos uma praça de táxis no lugar da Sala de Estar do Concelho. É pena.