segunda-feira, novembro 14, 2005

O Maior Pesadelo de Todos os Tempos

Com o aparecimento e crescimento dos blogs (uma tecnologia fantasticamente democrática, quer permite que qualquer noviço informático possa editar, publicar e disseminar informação, opinião e contestação), assistimos a uma alteração profunda na relação da política com os seus cidadãos, dos governados para com os governantes.

Bastará investir algumas horas de cada fim-de-semana para se perceber que a movimentação criada em torno das eleições autárquicas não terminou ou esmoreceu. Os vencedores desligaram a sua actividade blog, mas os vencidos intensificaram-na e passaram a utilizar o blog como forma de oposição pública e constante. O blog assumiu um papel de contacto directo e constante com os munícipes.

Nasceu o maior pesadelo de todos os tempos para os eleitos locais. Cada acto público ou menos público é passível de ser imediatamente difundido em sistema de broadcast público, sem qualquer pejo ou atraso. Basta um computador ligado à net. Sem censura possível. Sem legislação que trave o ímpeto oposicionista de qualquer cidadão mais implicado. Sem hipótese de se rebaterem as afirmações de forma convincente ou em sede protegida.

O fórum político saiu das salas e dos gabinetes e passou para os ecrãs dos computadores. Daqui pode passar para os telemóveis e os cafés podem transformar-se em locais de grandes conspirações e de trocas de ideias. A juventude poderá intervir na vida da sua comunidade como nunca lhe foi possível. A sua voz pode ser lida e ouvida. Os alicerces da sociedade podem tremer se não estiverem sãos.

Procurem-se os blogs da oposição em Aveiro, Porto, Coimbra, Lisboa, Mangualde, Viseu e veremos argumentos que devem tolher de terror os eleitos locais. Daqui em diante veremos muitos argumentos a serem dirimidos nos blogs e nem tanto nas Assembleias. Veremos temas a serem testados nos bytes antes de surgirem nas Actas de reuniões. Leremos acusações. Espantar-nos-emos com denúncias imediatas e com explicitações que se desejavam secretas.

É um novo exercício de cidadania. Será uma nova forma se de estar na “polis”. Os véus cairão e a política poderá renovar-se se souber utilizar este meio de forma responsável e correcta. Sem populismos serôdios e sem secretismos paroquiais. Sem difamações covardes. Aqui se distinguirão os blogs construtivos e responsáveis daqueles que apenas pretendem atirar lama a paredes limpas. A comunidade poderá crescer e amadurecer se souber utilizar este recurso como forma de apropriação de poder partilhado e de indicador social. Bastará que o poder saiba ler o que aparecer escrito nas águas do dia a dia.

Será um pesadelo para muitos e uma libertação para alguns.

terça-feira, novembro 01, 2005

Horas Marcadas

A vida tem dessas coisas... Horas marcadas num calendário da imaginação da comunidade. Tempos de diálogo em torno de uma ideia. Gente diferente que se junta para conversar, trocar impressões, lembrar limitações, sonhar novas fronteiras.
As tertúlias marcaram épocas importantes na vida dos povos, desde questões literárias, políticas, sociais, educacionais, nada era proibido discutir em rodas de amigos e conhecidos. Do diálogo nascia a partilha de ideias, de sonhos, de possibilidades, de outras metodologias a experimentar.
Se mais nada se conseguisse com as tertúlias, elas marcavam a comunidade e ajudavam a transformá-la, por vezes até provocaram a queda de mitos.

O projecto Leme, da Santa Casa da Misericórdia da Murtosa, tem promovido algumas tertúlias subordinadas a diversos temas e com diversos intervenientes. O objectivo é fazer renascer a vontade de conversar que os Murtoseiros foram perdendo ao longo dos tempos. Noutros tempos as famílias falavam, os vizinhos conversavam, os amigos encontravam-se para trocar ideias, para se ajudarem. Esses hábitos foram-se perdendo. Muitas serão as causas, pelo que as deixamos para quem quiser gastar o seu tempo a procurá-las. Nós preferimos oferecer algumas soluções: basta sair de casa, procurar os amigos e os amigos dos amigos e conversar. Sem protocolos. Sem regras exageradas.

Temos tido surpresas muito agradáveis com estas tertúlias. Temos ouvido pessoas que têm tanto para dizer que vários dias não chegavam. Temos visto pessoas que no fim da tertúlia, ou dias depois, dizem-me que tinham muito para dizer, mas que ganharam vergonha. Era a primeira vez.

É fantástico como a Murtosa é tão silenciosa sobre as coisas que são tão importantes para a sua vida. A educação dos filhos, dos adolescentes – o primeiro tema que abordámos – deixou inúmeras pessoas com tanto para dizer que ainda hoje trazem ao de cima o que quereriam ter dito. A dor de pais que sentem que erraram na educação das filhas e dos filhos, as dúvidas se esses erros poderiam ter sido evitados se tivessem tido uma abordagem diferente no momento exacto. São alguns dos mitos que importa derrubar e criar novos espaços de diálogo entre pais e filhos, entre educadores e técnicos de saúde.

Novamente tivemos descobertas fantásticas com a tertúlia sobre o associativismo e as colectividades. A paixão que os murtoseiros nutrem pelas suas colectividades ficou patente nesse encontro. O diálogo entre as associações é possível. Bastaria haver um sistema de partilha de experiências, de recursos e de dificuldades para que todas pudessem enriquecer e melhorar a sua acção junto das comunidades que as criaram e defendem.

As outras tertúlias (“O Alcoolismo” e depois “As Tradições”) foram momentos interessantes e muito ricos, percebendo-se que o alcoolismo atinge a unidade da família e desagrega o “cimento social” e que as tradições na Murtosa são mais que um punhado de recordações recolhidas e repetidas: são garantia de identidade e de união de uma gente nascida a respirar o perfume da ria. Gente que percebeu que, afinal, está muito mais unida entre si do que pensava.

Na última “Há Hora Marcada” o tema recaiu sobre a Educação e Formação na Murtosa. Percebeu-se que o dilema que assalta pais e educadores centra-se no papel da escola e na certificação de conhecimentos pelos sistemas não formais. Ficou claro que o modo de encarar a escola sofreu uma profunda alteração desde há 30 anos atrás. A massificação do ensino permitiu o acesso de todos os cidadãos aos instrumentos formais de formação e progressão escolar. Essa mesma massificação trouxe outros problemas como sejam a inadequação do sistema formal de ensino para todos os alunos e o nivelamento inferior da qualidade e exigência.
Hoje, olhando para a Murtosa, vemos muitos mais jovens a estudar e muitos outros a conseguir diplomas de licenciatura. Porém, vemos, igualmente, uma franja muitíssimo significativa e crescente de jovens que abandonam o ensino ou que não prosseguem estudo para além do 3º Ciclo do Ensino Básico.

Nasce a duvida:
- Que Murtosa vamos ter daqui a alguns anos?
Vejamos:
Mercê de migrações, procura de melhores empregos (ou apenas de emprego), fixação noutras terras por motivos de matrimónio ou de adopção de outras formas de estar na vida, muitos jovens da Murtosa nunca mais regressam ao seu local de nascimento.
Os jovens não qualificados vão sobrevivendo pela pesca artesanal, alguma agricultura residual, empregos precários ou em fábricas vizinhas.
O sector dos serviços recruta pessoas cada vez mais qualificadas e habitualmente esse recrutamento é satisfeito com jovens provindos de outras localidades.
Olhamos para alguns dos nossos jovens e vemo-los agarrados pelas doenças, drogas, DST, a própria SIDA que vai aumentando progressiva e silenciosamente na Murtosa, o alcoolismo, a marginalidade identificada. Esta franja da sociedade murtoseira é aquela que tem que ocupar as nossas atenções e ser alvo de intervenção.

O Prof. Arsélio Martins, no âmbito da dúvida sobre os vários sistemas que concorrentemente oferecem certificação do ensino básico (Sistema Escolar formal, SEUC, RVCC, EFA) afirmou algo surpreendente: “Interessa certificar a todo o custo! Mesmo que corramos o risco dessa certificação nos oferecer muitas dúvidas. Sejamos claros: uma mãe com um diploma de 9ºano obrigará os seus filhos a ter, pelo menos, o 9º ano e aspirará a mais.” Simples. Surpreendente. Real.
De facto, a grande alavanca da certificação e da formação são os pais. São eles quem devem “mandatar” os professores e não retirar aos professores a capacidade de educar os seus filhos. Não duvidamos que o problema da disciplina nas escolas nasce na ausência de mandato que os pais deveriam confiar aos docentes. Nasce, também, na ausência de exigência com que alguns docentes encaram o seu magistério. Nasce, também, com os pais “mal-criados” que vêem na escola a sede de todos os males. Nasce, também, da enormíssima quantidade de “saberes” que se pretendem incutir às crianças, deixando o importante submerso pelo acessório.

domingo, outubro 30, 2005

A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Murtosa

A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Murtosa assume um papel e um estatuto importantes na vida do Concelho em que nasceu e desenvolve a sua actividade desde 1899, altura em que é instituído o Asilo-Hospital de S. Lourenço de Pardelhas, pela mão do comerciante António José de Freitas Guimarães, e que evoluiu para Irmandade por força da decisão dos seus primeiros impulsionadores.
Disso reza a história e os documentos que o comprovam.

O que interessa sublinhar é o seu papel na sociedade de hoje.

As alterações no tecido social português a que temos assistido ao longo dos últimos decénios deixam as instituições de solidariedade com uma grande responsabilidade entre mãos: desde o apoio sócio-caritativo, o apoio à infância e adolescência, a intervenção junto dos jovens, a formação de desempregados e activos, o apoio na doença e na velhice e tantas outras valências sociais que são assumidas pelas Misericórdias Portuguesas.

A Misericórdia da Murtosa, desde sempre, cuidou, e bem, das pessoas com dificuldades de saúde, ausência de suporte familiar, interveio junto das famílias criando valências de berçário, creche e pré-escolar, criou e manteve um Lar de Idosos, ampliando-o e dando condições modernas de conforto e bem-estar aos seus utentes.

Como estrutura de intervenção social, a Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Murtosa sempre esteve sob a mira de diversos observadores, desde os mais beneméritos e colaborantes – e que são muitíssimos – até aos mais malévolos e invejosos. Nada mais natural. Ao longo da sua história, alguns foram os episódios de tentativas de “assalto” por parte de interesses confessados e outros menos claros. Mas, os irmãos sempre conseguiram perceber e distinguir o certo do errado e sempre souberam entregar os destinos da sua Misericórdia às pessoas que em cada momento julgaram ser as mais certas.

A actual Mesa Administrativa tem tido a preocupação de manter viva essa tradição de solidariedade e de, ao mesmo tempo, adaptar a Misericórdia aos novos tempos e desafios que vai enfrentando.
Sendo uma estrutura empresarial, da qual dependem centenas de pessoas da Murtosa, desde os seus utentes aos seus funcionários, importa defender o seu futuro e saúde financeira, avaliando os investimentos a efectuar e as despesas a suportar em cada momento.
Sublinhe-se que as Misericórdias Portuguesas – com excepção da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa – são estruturas geridas por voluntários – o Provedor e os Mesários – que não recebem um cêntimo pelo trabalho que desenvolvem nas suas Misericórdias. Como tal, importa ter uma equipa de profissionais que possam coadjuvar no dia a dia os Mesários e o seu Provedor e garantir o funcionamento dos diversos serviços. Estas decisões de gestão – desde as compras, os investimentos, as contratações, os despedimentos, as candidaturas a diversos programas nacionais e europeus – consomem muitas horas de trabalho voluntário que nem sempre é compreendido por algumas pessoas mais avessas ao voluntariado.

Rezam os mitos que a Santa Casa da Misericórdia da Murtosa é rica. É um facto. É rica em doentes, em idosos, em crianças, em jovens, em colaboradores, em acções e em intervenções na comunidade. O dinheiro e outros bens que possui só têm sentido se a sua acção social for interventiva. De outro modo é um peso e uma ofensa aos que precisam de solidariedade. Há quem acuse a Misericórdia da Murtosa de se “cobrar bem” pelos serviços que presta. A Mesa Administrativa desafia quem quiser provar que a qualidade dos nossos serviços está abaixo dos valores cobrados.

Como compreender que uma Misericórdia “cobre” serviços?

No caso da Misericórdia da Murtosa, cobramos o que é correcto ser cobrado e aqueles que podem pagar, devem fazê-lo. Sem excepções.
A noção de Solidariedade passa por isso mesmo: quem pode, deve assumir os seus compromissos, de modo que aqueles que, de facto, não possam pagar possam ser ajudados. Não há outra forma de compreender “solidariedade” e “misericórdia”.
O Lar de Idosos, com 78 utentes internados, conta com um número elevado de pessoas que não podem pagar a mensalidade – apesar de ser a mais baixa do distrito de Aveiro – e que não sentem minimamente esse facto. São assistidos da mesma forma e com o mesmo carinho e atenção que um utente que pague a totalidade dos seus compromissos assumidos. No Infantário, com mais de 130 utentes, passa-se exactamente o mesmo.

Não é fácil fazer compreender isto às pessoas. A incompreensão e a inveja, por vezes, toldam-nos a aceitação da solidariedade e a colaboração nesta rede social é um imperativo de consciência de todos os cidadãos, sejam cristãos, sejam agnósticos.

As estruturas físicas da Misericórdia têm recebido as atenções possíveis.

Desde a completa renovação interior e exterior do Infantário, o saneamento básico, a implantação de um sistema de aquecimento central nessa valência, um sistema de detecção de incêndios, aquisição de materiais didácticos, etc. A Mesa Administrativa encontrou um Infantário a cair de velho. As funcionárias não podiam usar água quente, pois os cilindros deixavam passar corrente eléctrica; as portas e janelas estavam podres e a cair: sempre que se abria uma janela ou porta, tinha que ir um funcionário de manutenção inventar forma de a fechar; o fogão não funcionava correctamente e em segurança, pelo que a confecção de cada refeição era uma aventura; a única máquina de lavar roupa era emprestada por uma empresa; a louça era lavada à mão; os espaços exteriores ofereciam vários perigos às crianças, desde ferros retorcidos a blocos de cimento dispersos. Foram diversas as intervenções, desde a criação de um pavilhão – subindo o seu pé-direito e criando as condições para poder funcionar como espaço polivalente, a renovação da cozinha, da lavandaria, substituição de todas as portas e janelas exteriores, substituição dos pisos das salas – as crianças caíam nos pedaços que estavam descolados -, limpeza dos tectos que deixavam cair o estuque que era respirado pelas crianças, ajardinamento dos espaços exteriores que, proximamente, ainda serão alvo de mais beneficiações.
O Infantário deixou de ter um ar triste e aspecto de tugúrio e passou a ser uma casa airosa, confortável e segura.
Registe-se que o Infantário tem um Regulamento Interno que prevê a existência de uma Directora Pedagógica e de uma Directora Técnica. Assim, a direcção pedagógica está sob a responsabilidade da Educadora Alcina e a direcção técnica está confiada à Prof. Dulce Vasconcelos, esposa do Provedor, que exerce essas funções a título voluntário, sem auferir qualquer remuneração por esse trabalho que lhe foi confiado pela Mesa Administrativa.

Interviemos no Lar de Idosos, desde a renovação inicial da cozinha – aquisição de máquina de lavar louça industrial, fogões novos, instalação certificada de gás. Em breve iremos ampliar este espaço, tornando-o mais racional e adaptado às necessidades actuais. Instalámos, também, um sistema de detecção de incêndios, aumentámos o espaço da lavandaria e adquirimos máquinas industriais de lavar e de secar roupa, novas.
Construímos uma rampa de acesso exterior, perfeitamente integrada na leitura do edifício, em betão à vista, para reforçar a segurança dos utentes, bem como temos efectuado, em colaboração com os Bombeiros Voluntários da Murtosa, exercícios de simulação de evacuação em caso de incêndio.

Criámos e implementámos o Serviço de Apoio Domiciliário aos Idosos, com serviço de 24 horas, 7 dias na semana. Deslocamos as equipas de apoio domiciliário a casa dos utentes entre 3 a 5 vezes por dia, para além do apoio médico e de enfermagem e ligação ao médico de família de cada utente, por colaboração protocolar com o Centro de Saúde da Murtosa.

O Patronato de S.José, no Bunheiro, em virtude da saída da comunidade religiosa que o apoiava, está encerrado. Procuramos algumas respostas sociais para implementar naquele espaço. Pareceu-nos ser inadequado à realidade presente o projecto de demolição e construção de uma edificação para albergar a comunidade religiosa e o ATL que lá funcionava. Como tal, aguardamos melhor oportunidade para reavaliar o Patronato de S.José.

Em relação à Casa da Torreira – Colónia Balnear José Maria Barbosa na Torreira – optámos por manter o actual edifício e adaptámo-lo às necessidades presentes. A Torreira, mercê da saída da Santa Casa desta vila e freguesia, equacionou os seus problemas e foi-os resolvendo, desde o nascimento da ASFITA e sua transformação em IPSS, ao aparecimento da Casa da Criança do Instituto Bissaya Barreto. A Santa Casa não teve outra alternativa que não fosse a adaptação da Casa para centro multifunções, albergando zonas para apoio às crianças e idosos que se desloquem à Torreira, salas de formação, espaço exterior para actividades diversas. Foi uma reparação que deixou a Casa em condições dignas de honrar a memória daqueles que a doaram à Santa Casa da Misericórdia da Murtosa.

Encontrámos, também, um projecto, aprovado e adjudicado, para a construção de uma garagem com arrecadação e Agência Funerária onde se encontram as garagens da Santa Casa – junto à capela mortuária do Hospital. Estava orçado em 30 mil contos. Conseguimos travar essa despesa e, com apenas 300 contos, conseguimos adaptar a garagem para que pudesse receber todas as viaturas que a Instituição tem. Inclusivamente o Autocarro que esteve anos a fio ao sol e à chuva.

Adquirimos um total de 4 viaturas novas (2 de 9 lugares e 2 comerciais) para apoio às actividades da Instituição. O Provedor prescindiu de ter uma viatura da Instituição para seu uso pessoal.

Informatizámos os serviços administrativos (Contabilidade, Facturação, Imobilizado, Vencimentos), implementámos uma rede informática interna com acessibilidade externa; implementámos a Internet e uma intranet com acesso a bases de dados internas; concorremos e fomos contemplados com Projectos no âmbito do Aveiro Digital para a modernização de alguns procedimentos ligados ao Apoio Domiciliário e webização de processos do Juíz de Paz da Murtosa (http://paz.misericordiamurtosa.pt). Implementámos um servidor interno e um servidor web. Disponibilizámos formação acreditada pela Inofor às pessoas ligadas a estes projectos e temos feito reciclagens periódicas de procedimentos e reavaliações internas.

Catalogámos informaticamente o acervo bibliográfico que foi oferecido à Santa Casa pelo Dr. José Tavares Afonso e Cunha – um grande Murtoseiro de saudosa memória – sendo possível consultar essa informação a partir da intranet da Santa Casa. Em breve, iremos disponibilizar essa informação via Internet a toda a comunidade interessada, num total de quase 7000 espécies bibliográficas.

Efectuámos um estudo relativo às remunerações do pessoal ao serviço da Santa Casa e percebemos que era necessário ajustar os vencimentos de acordo com as Tabelas de Vencimentos em vigor na União das Misericórdias Portuguesas. Este facto implicou aumentos na ordem média dos 16% em geral, havendo casos em que o aumento ultrapassou os 30% apenas no primeiro ano. Foi um esforço financeiro muito grande, mas que nos pareceu ser correcto já que estávamos a exigir mais qualidade aos nossos funcionários.

Ao longo destes cinco anos de mandato temos reajustado o Quadro de Pessoal, temos contratado diversas pessoas para fazer face ao aumento das necessidades do Lar e das outras valências e temos requalificado o nosso pessoal. Desde acções de formação no âmbito da legislação laboral em vigor, passando pela reclassificação de algumas funcionárias. Temos a consciência de que algumas pessoas não se conseguiram adaptar às novas exigências ou às novas dinâmicas, por isso foram saindo, ou por terminus de contrato, ou por despedimento ou por decisão pessoal.

Igualmente estabelecemos acordo com um médico para a prestação de serviços, evitando-se, assim, a constante deslocação dos utentes ao Centro de Saúde. Só com isto, aumentámos a qualidade de vida dos nossos utentes e a sua paz de espírito, pois todos os dias sabem que têm o médico a quem podem recorrer. Ainda na saúde, alterámos alguns procedimentos e investimos fortemente na higiene e desinfecção. Quando chegámos à Santa Casa fomos alertados para o facto de haver vários utentes com escaras e muitas utentes com infecções urinárias recorrentes. Graças a um esforço muito grande do nosso pessoal ligado à saúde e de um investimento cuidadoso, temos conseguido debelar esses problemas. Desde a aquisição de camas articuladas, colchões anti escaras (pneumáticos), anteparas para as camas dos acamados, a reformulação da distribuição dos utentes pelos quartos, tudo se tem feito para melhorar as condições de quem vive no nosso Lar. Porém, ainda estamos muito longe do óptimo.

Analisámos os valores das mensalidades e percebemos que a Instituição tinha que rever esses valores e efectuar um trabalho de levantamento das situações reais dos seus utentes, pois alguns escusavam-se a pagar os valores exigidos, escudando-se atrás de declarações de pobreza sem fundamento ou em negociações pessoais anteriores. Foram situações delicadas e demoradas que só recentemente conseguiram entrar nos hábitos das pessoas. Registe-se que nunca ninguém foi expulso ou excluído por não poder pagar. Temos, sim, exigido que a verdade seja reposta e cada um assuma as suas responsabilidades.

No âmbito do Património da Santa Casa, temos efectuado o registo de propriedades que foram legadas à Santa Casa por herança, bem como tomámos posse da Casa do Gonçalo Polícia, pondo fim a um longo adiamento desta questão. Terminámos a intervenção na Casa do Silvério Guerra, colocando-a ao serviço dos jovens da Murtosa como atelier de desenvolvimento de artes plásticas, centro de acesso à Internet e ponto de encontro de adolescentes. Conseguimos o registo definitivo de uma propriedade urbana sita no centro da Cidade do Porto e temos acompanhado obras e alterações de valores dos alugueres de alguns apartamentos na cidade de Almada. Estamos a tentar, junto da autarquia da Murtosa, negociar uma solução para o grave problema que é o Lar de Idosos enquanto propriedade urbana com a actual volumetria construída, obra que nunca foi licenciada e que, como tal, ainda não possui licença de habitabilidade. Efectuámos a venda, por hasta pública, precedida de competente autorização da Assembleia Geral de Irmãos, de duas propriedades que não constituíam valor estratégico para a Santa Casa. Efectuámos obras de intervenção na Capela Mortuária, tornando-a mais condigna para o fim a que se destina. Adquirimos 6 sepulturas no cemitério de Pardelhas para dar repouso aos utentes que venham a falecer sem familiares que se interessem pelo seu funeral.

A Mesa Administrativa da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Murtosa tem candidatado a instituição a alguns projectos sociais no âmbito do POEFDS. São projectos difíceis, pois lidam com pessoas muito frágeis. Mães desempregadas de longa duração e sem perspectivas de emprego a médio prazo; jovens que necessitam de algum apoio psicológico para ultrapassar as suas dificuldades; pessoas que nunca receberam qualquer tipo de formação sistematizada desde os seus 10 anos de idade; pessoas que não se conseguem inserir no tecido social.

Para quem observa de fora, estas acções podem parecer estranhas. Lidam com pessoas que a sociedade não deseja ver inseridas no seu meio. São pessoas que não têm hábitos de higiene nem de trabalho, que dizem coisas disparatadas em tons de voz inapropriados. São pessoas que se escondem e defendem da sociedade desta maneira. São seres humanos frágeis.
Estes projectos são muito fáceis de criticar e destruir com palavras irresponsáveis que temos ouvido desde o dia em que começaram. Palavras que vêm de pessoas que, pela sua formação ou pela sua responsabilidade social ou política, deveriam ser as únicas a não proferi-las. São palavras que exteriorizam o medo e a inveja de uma sociedade centrada em si mesma e que se fechou aos outros.

O resultado destes projectos é sempre uma miragem difusa. Nunca se sabe o que se conseguiu. Acredita-se que se ensinou alguma coisa, por muito pouco que tenha sido. Espera-se que o fruto venha a surgir na geração seguinte.

A Mesa Administrativa da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Murtosa informa os mais preocupados que, apesar de todos os investimentos acima referidos e todas as despesas que temos assumido, as contas da Santa Casa estão saudáveis e os valores que todos têm na cabeça e algumas almas proclamam aos ventos, continuam a existir. Como tal, sosseguem que a Mesa Administrativa não tem delapidado – nem sequer gasto – a “herança” que lhe foi entregue. De modo responsável tem gerido esses valores, pois no dia em que assumiu a gestão da casa deparou com factos bem estranhos, desde valores exageradíssimos em depósitos à ordem (quase 90 mil contos…), completamente desnecessários para fazer face às despesas fixas da instituição, até depósitos a prazo não negociados e de pequena monta, o que prejudicava a Tesouraria da Santa Casa. Para não falar em património segurado por valores ridículos e completamente irrisórios em caso de incêndio ou acidente natural.
Em Dezembro de 2006, estaremos em condições de entregar, intacta e bastante melhorada, a quem vier a assumir os destinos desta Instituição, a Herança que nos foi entregue em Fevereiro de 2001.

A Santa Casa da Misericórdia da Murtosa é um tributo a este Concelho, pois nasceu antes dele e amparou-o no seu desenvolvimento. Ela tem que ser o espelho do seu povo e será aquilo que os seus irmãos e amigos quiserem que seja. Será sempre a consciência do seu povo, naquilo que ele tem de mais puro e sagrado e estará sempre para além dos seus provedores.
A missão da Santa Casa, expressa no seu “Compromisso”, reside na Esperança de uma Murtosa mais simpática.
Espera-se por uma Murtosa um pouco mais solidária, um pouco mais humana. Muito mais aquela antiga Murtosa que sabia abrir a porta aos pobres e lhes dava um naco de pão e uma tigela de sopa.
Aquela Murtosa que fez nascer a sua Santa Casa da Misericórdia.

Murtosa e Santa Casa, 26 de Outubro de 2005

A Mesa Administrativa da
Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Murtosa

sábado, outubro 22, 2005

Fim-de-semana... nada como descomprimir de uma semana de trabalho.
Esta é para todos os novos presidentes e para os meus amigos Mocho e Azurara de Mangualde
.

- Prof. Mariano Gago? É o Zé Sócrates. Oh, pá, ajuda-me aqui. Comprei um
computador, mas não consigo entrar na Internet! Estará fechada?
- Desculpa?...
- Aquilo fecha a que horas?
- Zé, meteste a password?
- Sim! Quer dizer, copiei a do Freitas.
- E não entra?
- Não, pá!
- Hmmm... deixa-me ver... qual é a password dele?
- Cinco estrelinhas...
- Oh, Zé!... Poooooo... Bom, deixa lá agora isso, depois eu explico-te. E o
resto, funciona?
- Também não consigo imprimir, pá! O computador diz: "Cannot find printer"!
Não percebo, pá, já levantei a impressora, pu-la mesmo em frente ao monitor
e o gajo sempre com a porra da mensagem, que não consegue encontrá-la, pá!
- Poooooo... Vamos tentar isto: desliga e torna a ligar e dá novamente ordem
de impressão.

Sócrates desliga o telefone. Passados alguns minutos torna a ligar.
- Mariano, já posso dar a ordem de impressão?
- Olha lá, porque é que desligaste o telefone?
- Eh, pá! Foste tu que disseste, estás doido ou quê?
- Poooooo... Dá lá a ordem de impressão, a ver se desta vez resulta.
- Dou a ordem por escrito? É um despacho normal?
- Oh, Zé... poooooo... Eh, pá! esquece... Vamos fazer assim: clica no
"Start" e depois...
- Mais devagar, mais devagar, pá! Não sou o Bill Gates...
- Se calhar o melhor ainda é eu passar por aí... Olha lá, e já tentaste
enviar um mail?
- Eu bem queria, pá!, mas tens de me ensinar a fazer aquele circulozinho em
volta do "a".
- O circulozinho... pois... Bom... vamos voltar a tentar aquilo da
impressora. Faz assim: começas por fechar todas as janelas.
- Ok, espera aí...
- Zé?!... estás aí?
- Pronto, já fechei as janelas. Queres que corra os cortinados também?
- Poooooo... Senta-te, OK? Estás a ver aquela cruzinha em cima, no lado
direito?
- Não tenho cá cruzes no Gabinete, pá!...
- Poooooo... poooooo... Zé, olha para a porra do monitor e vê se me
consegues ao menos dizer isto: o que é que diz na parte de baixo do écran?
- Samsung.
- Eh, pá! Vai para o...
- Mariano?!... Mariano?!...'Tá lá?... Desligou...

domingo, outubro 16, 2005

Centro de Espinho com acesso grátis à Internet através de Wi-Fi

Juntando-se a uma lista cada vez maior de cidades que estão a instalar redes Wi-Fi para garantir acesso à Internet aos seus cidadãos, a Câmara Municipal instalou esta semana uma série de hotspots. Na próxima semana a rede começa a ser alargada a outras áreas do concelho, mantendo-se para já o acesso gratuito.

Para já a rede é acessível no centro de Espinho, mais propriamente no parque João de Deus. Os munícipes apenas têm de possuir um computador portátil com placa de rede sem fios ou um Pocket PC com o mesmo sistema e estabelecer a ligação.

O projecto Espinho Wireless deverá ainda ser alargado às escolas e às salas de aula, numa fase mais avançada. Estão igualmente previstos serviços de valor acrescentado, tais como a instalação de quiosques informativos em vários locais públicos do concelho, a comunicação de voz via Internet, a videovigilância e a criação de campus virtuais nas escolas, refere Fernando Oliveira, gestor de produto, em declarações ao TeK.

“O serviço será grátis na fase de arranque, prevendo-se, no entanto, que venha a ser pago, embora possa haver serviços de acesso gratuito”, afirmou o presidente da Câmara, José Mota, ao Jornal de Notícias.

A ideia não é nova, embora o Jornal de Notícias afirme que este é o primeiro município wireless, existindo já diversas iniciativas semelhantes a nível internacional e mesmo nacional. Ainda este ano as Câmaras Municipais do Barreiro e de Guimarães comunicaram a criação de espaços gratuitos de acesso à Internet em banda larga através de redes Wi-Fi, juntando estes hotspots às redes comerciais já existentes no país.

(In http://tek.sapo.pt/4M0/599658.html)

Será uma ideia interessante a implementar em Pardelhas, por parte de alguns cafés... e na Torreira durante o verão.
A EBI da Torreira tem uma rede wireless que cobre todo o edifício, de modo que os docentes podem usar os seus portáteis em qualquer sala da escola, podendo aceder às bases de dados da escola, à internet e aos restantes serviços disponíveis.