Por vezes ponho-me a pensar como seria a Murtosa se, nos momentos-chave da vida, ela tivesse tido pessoas com mais capacidade de visão e coragem para tomar algumas decisões.
São muitos os episódios estranhos que envolveram esta terra.
Eis alguns:
Em 1930 foi oferecida à Murtosa a possibilidade de construir um “Dispensário Anti-Tuberculoso” e um “Ninho de Pequenitos”. Esta oferta foi negociada pelo Carlos Barbosa com o médico Bissaya Barreto. Tudo se conjugava para que as coisas pudessem avançar, tendo a Murtosa que providenciar o local da construção e a futura gestão destes equipamentos. Numa reunião convocada para o efeito, estiveram presentes a Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia, o Presidente da jovem Câmara Municipal, os párocos das freguesias, os presidentes das Juntas e outras pessoas ligadas ao comércio.
Todos foram unânimes em considerar que seria um passo importante para a Murtosa. Mas, como o equipamento seria apenas em parte da Murtosa, o resto seria propriedade do estado, todos temeram que, um dia, esse equipamento pudesse ser vendido pelo Estado ou cedido a outras pessoas. Assim, e apesar de haver cerca de 50% do dinheiro necessário, foi resolvido agradecer a oferta, mas declinar a ideia.
Hoje todos sabemos o que é a Fundação Bissaya Barreto. Ela poderia ter tido um papel importante na Murtosa… quem sabe?